terça-feira, 14 de julho de 2009

A USP é invadida por PMs

Luna Zarattini
Como um campus onde se produz conhecimento pode ser invadido por policiais armados? Isso nos remete diretamente a ditadura militar, na qual os estudantes lutaram fervorosamente contra, pois estavam cientes do que realmente estava acontecendo. Se a polícia, em contra partida, o estado invade e toma conta da reitoria, da antiga reitoria e da coordenadoria do campus , além de outros espaços, significa que o estado pode intervir em pesquisas e na produção do conhecimento, limitando ideias que sejam contra o próprio governo como, mais uma vez aconteceu na ditadura.

Este é um texto escrito por Demétrio Toledo sobre a invasão da PM na USP, o qual eu apoio:
Serra “conseguiu transformar uma greve de funcionários da USP, parcial e de baixa adesão, em uma das maiores besteiras que alguém já cometeu ocupando um cargo de governo (consciente ou inconscientemente).
A história, resumida em seus pontos fundamentais, é a seguinte: depois de quase um mês de uma greve bastante fraquinha e sem maiores emoções, o Serra, quer dizer, a Justiça, instada pela reitoria da USP, mandou a PM invadir o campus e montar guarda em prédios da administração, sob o pretexto de coibir e debelar piquetes de funcionários grevistas. A atitude foi tão grotesca e causou tamanha repugnância na comunidade acadêmica que de pronto estudantes e professores, que até então vinham emitindo apenas as costumeiras moções de apoio aos funcionários em greve, solidarizaram-se e entraram em greve (só o Serra acha razoável colocar de bedéis policiais de metralhadoras). Ponto central da pauta: a saída da PM do campus.
Como o Serra não passa sem um gran finale, ontem o bicho pegou, com a polícia invadindo a USP, coisa nunca antes vista nem pensada (se bem que meus colegas da PUC-SP já viram esse filminho xexelento duas vezes…), com direito a balas de borracha, gás pimenta, bombas de efeito moral (quem deu nome a esse singelo artefato – imagino que tenha sido o animal que o inventou – nunca ficou perto de um quando ele explode; é caco pra todo lado, e dói, acreditem em mim) e aquele jeitinho que só a polícia tucana tem. Enfim, coisa pra não esquecer.”


FONTE: http://www.amalgama.blog.br/06/2009/a-usp-invadida-pela-pm/

7 comentários:

  1. por algum motivo estranho, eu estava na usp no dia dos tiros de borracha e do gás de pimenta. Passei a tarde nos prédios da fflch - bem pouco movimentados por sinal - e só me dei conta de que algo estava errado quando vi, do ponto de ônibus (onde os ônibus haviam parado de passar justamente por casua do tumulto entre os policiais e estudantes) uma aglomeração de pessoas correndo de um lado para outro, fugindo da polícia. Fiquei meio chocada com tudo aquilo, sabia da greve, mas a invasão policial era novidade para mim. Inlusive passei por uma fumaça que me fez ficar chapada por quase duas horas... Enfim, casos pessoais a parte, achei a ocupação da usp pela polícia um absurdo, completamente desnecessária. Porque certamente não há a preocupação da degradação de um ambiente público, já que os estudantes não depredariam com atos de vandalismo um local (muito importante, pro sinal) que eles tanto utilizam. Certamente a presença da polícia no campus só retardou e coplicou o que rapidamente seria resolvido.

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  2. Luna e Vitor,
    Primeiramente gostaria muito de parabeniza-los não apenas pela iniciativa de criar um espaço para discuções de tão valoroso cunho,como principalmente pela capacidade de visão social que transcende as barreiras de suas próprias classes econômicas e próprios interesses.
    Uma idéia que lhes dou é colocar em discução a abertura dos arquivos da Guerrilha do Araguaia e a busca pelos corpos dos guerrilheiros sordidamente assassinados pelo regime de terror.Este é um tema que deveria estar fervendo nos jornais, mas eles preferem comercializar a morte do Michael Jackson.
    Beijos com muito carinho e admiração.
    Marina Frederico

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  3. é exatamente isso que nós queremos: criar um espaço para discussões e mobilizar os jovens para tais.
    Quanto ao tema, você poderia nos enviar esse texto ou artigo. Adoraríamos muito uma contribuição, nós vamos postar com seu nome!
    Beijos, Luna

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  4. Estimada Marina, por meio da Luna fiquei sabendo da sua pesquisa. Eu estava lendo uma obra de Eric Hobsbawm e li um trecho que me lembrou o seu trabalho e todo trabalho sério da historiografia que é assim:

    "Grande parte da história feita pelo povo assemelha-se ao sulco deixado pelo antigo arado. Pode parecer que desapareceu para sempre juntamente com o homem que arou a terra há muitos séculos. Mas todos os especialistas em aerofotogrametria sabem que, à certa luza, ou vistas a certo ângulo, as sombras de sulcos e regos há longo tempo esquecidos ainda podem ser vistas."
    Então para mim está é a grande satisfação do punho de pesquisa. É trazer de volta um diálogo esquecido por um povo, reabri-lo e rediscuti-lo, assim como os arquivos mortos da ditadura militar.

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  5. Luna, você utilizou de um grande argumento de autoridade utilizando o texto de Demétrio Toledo. A pequena parte que você escreveu está muito bem redigida, parabéns pelo Blog.
    Você abortou um tema muito polêmico, por isso, acabo discordando com algumas coisas e concordando com outras. Em relação a invasão da PM na Usp, concordo com a sua posição, porém, mesmo sabendo que você não falou tanto assim da greve, gostaria de dizer que ela também tem um caráter muito autoritário dos alunos, pois aqueles que não querem fazer parte dela e querem assistir as aulas são impossibilitados pelos grevistas, o que também não é legal.

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  6. Borges, concordo com você em relação aos alunos autoritários, pois quando você toma uma decisão, ainda mais dessa importantância, é preciso pensar em todo o campus. Com certeza, você sempre afeterá alguém, mas não se pode colocar sua exigência como prioridade sem pensar nas pessoas que estão perdendo aulas, ou outras atividades.

    Luna.

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  7. Eu, Vitor Quarenta, discordo de vocês em relação à isto, eu acho que quando a greve tomou uma proporção incontrolável, temos que deixar de pensarmos nos interesses individuais e começarmos a pensar no bem do coletivo, caso contrário, meus caros, não haveria nenhum tipo de manifestação, pois estará implicando sempre na perda de algumas coisas, a verdadeira questão é analisar se essa perda afeta o bem comum ou se é como uma onda que assola somente as pedras na beirada da praia para que não corroa o rochedo principal, e aí meus caros, me desculpem quem queria ter aula durante este tempo, mas eu considero a segurança do rochedo mais importante. E APOIO FIELMENTE A GREVE DA USP. FORA REITORA TUCANA!

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