quarta-feira, 29 de julho de 2009

É Guerra de Pizzas no Senado!

Vitor Quarenta:

Nesta quarta-feira chuvosa da cidade de São Paulo, eu estava cá lembrando do meus sonhos quando criança, e achei muito engraçado o anseio que tinha de inventar uma estratégia cavernosa para poder burlar as defesas inimigas e vencer de maneira patriótica um embate bélico, fosse ele de qualquer mundo ou terra perdida em minhas brincadeiras juvenis. Mas caindo em si, eu notei que muitos deram continuidade a este sonho, sim meus caros, e não falo dos grandes generais ou militares preocupados em responder ataques pouco-pacíficos de seus oponentes, estou falando daqueles homens que a cada oito anos tem suas licenças de trabalho renovadas pela população brasileira para continuarem na casa de pizzas que alguns costumam chamar de Senado. Estranho não é? A princípio eu também achava que eles só roubavam e arranjavam empregos para seus familiares, ou então que nas horas vagas passeassem de avião com as cotas de passagens aérias, mas o caso é que agora, de maneira escancarada, eles entraram em guerra de cumplicidade. O que isso quer dizer é no horário que eles estão sendo pagos(por sinal, muito bem) para defender os interesses da população brasileiras e então legislar da melhor maneira possível eles estão elaborando estratégias de guerra para incriminar seus adversários de possíveis "rabos presos" em um passado não muito distante e por incrível que pareça no presente também.
Para não dizerem que estou acusando de forma iresponsável sem poder comprovar nada, faço uso dos acontecimentos:
Como todos nós sabemos, uma crise política assola o Senado Federal. O então presidente da casa, o peemedebista José Sarney foi denunciado formalmente pelo senador Arthur Vigílio(PSDB) de vir realizando desde 1995 uma série de atos secretos, entre eles inúmeros empregos cedidos à parentes, crime este conhecido por nepotismo. Desde as denúncias feitas há um mês, já foram abertas quatro representações contra o senador, as 3 últimas feitas ontem por senadores tucanos declarando guerra entre o PMDB, partido com maior número da base aliada e o PSDB, partido que se mostrou mais indignado com a corrupção, como se esse "Tucano Indignado" fosse um pássaro límpido voando com leveza no planauto central, doce ilusão.
Mas o caso é que até então estava quase tudo controlado para o PMDB, com o Presidente Lula apoiando Sarney e uma representação contra o senador peemedebista, feita pelo PSOL, partido este que atira para todos os lados do senado e não assusta ninguém com pedra e estilingue na mão de seu único representante, o senador José Nery, quando de supetão a mesa de pizza do Senado virou. Os senadores peemedebistas desatentos com a pizzaria deixaram seus pedaços cairem no chão, à mostra de toda a clientela.
O presidente ainda apóia Sarney, na esperança de tranquilidade no Senado e com medo de perder a presidência da casa para a oposição, caindo assim de maneira assustadora a governabilidade dos últimos anos de seu segundo mandato. Porém os representantes petistas na casa já não seguem de maneira rigorosa as ordens do maquinista Luis Inácio e ameaçam pular fora da locomotiva, como fez o senador Aluísio Mercadante ao propor o afastamento de Sarney do principal cargo do Senado. Fora isso, nos últimos dias o PSDB, partido mais numeroso da oposição largou as beiradas do muro, posição esta que é de praxe na sua ideologia e avançou contra o peemedebista abrindo então outras três representações, estas que se aceitas pelo relator abrem automaticamente um processo por quebra de decoro parlamentar.
Não preciso nem dizer que isto sacodiu as pernas de Sarney e de seus colegas partidários provocando uma reação que foi, para mim, um dos momentos mais interessantes e pitorescos do caso. Acontece que o o PMDB acoado pelas denúncias e pela pressão feita sobre o senador ameaçou abrir processos contra senadores tucanos e que teriam motivos para isto. O lider do PMDB no senado, Renan Calheiros disse à bancada tucana que o troco viria na mesma moeda, e abriria uma representação contra senadores tucanos, principalmente contra o líder no senado, Arthur Virgílio , chamando-o de réu confesso por ter admitido receber dinheiro emprestado do ex-diretor Agaciel Maia, e também de ter contratado funcionário-fantasma. Fora o capitão-do-mato tucano, o PMDB também cogita entrar com representação contra o senador Tasso Jereissati que usou verba de passagens aéreas para fazer manutenção no seu avião particular.
O líder tucano, Arthur Virgílio anunciou ontem que começou a devolver os 210 mil reais que seu funcionário "recebeu" do Senado para estudar no exterior, fato essse que me deixa espantado, irei pensar melhor antes de estudar fora do páis, já que anda tão caro assim.
Então meus caros, coloquei-me a pensar, será que investigações como estas teriam que ser cogitadas mediante a crises no Senado? Isso nos leva a imaginar que deve ter muito mais escondido, e encoberto pelos senadores. O PMDB e seus senadores tinham que esperar ser atacado pelos Tucanos para tornar público tais ilegalidades? Não seria este o papel do senadores que lá estão? Fiscalizar o trabalho de cada um, e quando algo estiver errado tornar publico e investigar da maneira mais séria possível.
Bom, então agora estamos partido do pressuposto que cada um defende o seu pedaço de terra e seu pão com manteiga, que por sinal está saindo cada vez mais caro, e não há mais compromisso nenhum com a transparência da Casa. São necessárias crises para que hajam mudanças nesta terra de ninguém? São perguntas que eu me faço e acho que os nossos queridos e fiéis representantes deveriam se fazer também. Meus caros companheiros, enquantos as pizzas voam na Casa da Desordem nosso país vai tocando em frente na esperaça de um dia melhor. E como diria o Presidente Lula, deixa a poeira baixar que a gente vê o que faz.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Fetiche por Curso Técnico?

Vitor Quarenta:
Caros leitores, nesta terça-feira gélida da cidade de São Paulo, estava eu, estudante da tão favorecida classe média em uma lotação pública, então decidi por-me a ler o que se passava e discutia neste país de pizzaiolos. Acompanhava com atenção o primeiro caderno do jornal Folha de São Paulo quando ao virar rumo a página A3 " Tendências/Debates" emplaquei meus olhos que borbulhavam em óleo diesel no seguinte artigo: " Educação e Trabalho: um salto para o futuro" obra do nosso ilustríssimo Geraldo Alckmin e também do economista Paulo Renato Souza. O primeiro dispensa comentários, herdeiro da boa fama de Covas e dono de um fetiche por construção de penitenciárias no estado mais rico na nação, Geraldo Alckmin se encontra solitário e triste no também gélido PSDB. Já o segundo, caso não o conheça, lhe faço o favor de apresentar-lhe, Paulo Renato Souza é economista e Secretário da Educação no Estado de São Paulo, cargo este que já ocupou durante o Governo Montoro, além, de já haver ocupado o cobiçado cargo de Ministro da Educação, este ultimo que exerceu durante o governo do nosso finado Fernando Henrique Cardoso. O artigo me chamou atenção pela formalidade e característica eleitoral que trazia em si, elogiando em inúmeros momentos os planos educacionais do Governo Serra e Kassab, e principalmente o encontro entre os dois governos. Mas o que foi que os nossos esquecidos tucanos encontraram de tão interessante na educação deste cunho de terra governado pelos seus colegas de partido e aliança partidária?
Ah! Meus caros companheiros, é exatamente aí que entra o enfoque da questão. Os dois Tucaninhos estavam elogiando a vitoriosa pedagogia tecnicista no ensino público. O que exatamente isso quer dizer é que eles aplaudem de pé e com aquele sorriso mais amarelado que a bandeira Tupiniquin o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura da Capital Paulista, pelo êxito na implantação de dezenas de Escolas Técnicas e Faculdades de Tecnologia.
Mas desde quando o PSDB e principalmente o nosso Geraldinho se preocupa com a educação dessa gente que cá sobrevive? Vocês sabem, quando a esmola é grande o povo...bom, o povo nem desconfia, e nem desconfiará que estas escolas não é nada mais do que formar mão de obra barata, rápida, qualificada e principalmente alienada de todos os modos que está sendo explorado.
Agora sim, eu encontro uma ligação lógica entre PSDB e escola pública, esta última que vem sido abandonada principalmente pelo Estado de São Paulo ao longo das décadas, tendo como homem forte desta manobra um grande entendedor de educação, o economista Paulo Renato Souza. Mas vejam só que coincidência, o homem está elogiando seu próprio plano maquiavélico de controlar a massa. Mas, cá entre nós, ele está cumprindo o seu papel, de economista é claro, poupando investimentos do que considera menos importante, no caso, a educação e guardando para contruir grandes obras de infra-estrutural, como a Ponte Estaiada, mais conhecida como o "Funil da Marginal", ponto onde diariamente carros se encontram congestionados, isso por que nosso querido Kassab prometeu ser a obra que salvaria o trânsito na cidade. Pelos menos, para fundo dos programas da Rede Globo ela serve, nada mais justo, afinal, uma mão lava a outra e as duas juntas... elegem o palmeirense José Serra.
Voltando ao assunto, desde o Governo Montoro estamos na mesma picada em meio a selva de interesses, porém, agora não basta só esquecer a educação do povo, tem de forçá-lo a trabalhar melhor, mas contando que não façam muitas perguntas, se não meus caros, o nosso Prefeito Kassab vai acabar chamando-o de VAGABUNDO, igualzinho fez com o trabalhador que foi questioná-lo sobre seu governo.
Compartilho aqui com vocês a minha indignação em meio as "fôrmas de trabalhador" que estão sendo construídas neste lugar que chamamos de São Paulo. Mas, estes trabalhadores baratos vão para onde posteriormente? Simples, vão para as grandes industrias que financiam e gerenciam este partido.
Alguém tende avisar aos nossos queridos tucaninhos que qualificação não é, educação, e que educação neste estado nunca foi praticada, não pela mãos destes homens. Mas se é para avisá-los do que está acontecendo, que não seja por meio de um diálogo pobre das novelinhas da Rede Globo. Afinal, como quase diz a vinheta da emissora:
EDUCAÇÃO: A GENTE NÃO VÊ POR AQUI.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Justiça ou Revanchismo?

Marina Yatsuda Frederico
O Major Sebastião Curió Rodrigues de Moura abriu ao jornal Estado de São Paulo no dia 21 de Junho de 2009, arquivos que comprovam a execução de 41 guerrilheiros no Araguaia que já estavam rendidos e presos não tinham e sem possibilidades de defesa. Esta chacina ocorreu no período da Ditadura Militar, nos anos de 1972 a 1975, quando integrantes do Partido Comunista do Brasil foram para região do Araguaia (Sul do Pará) com o objetivo de derrubar o governo e ajudar a população daquela região que até então conhecia apenas a miséria, doenças causadas por falta de cuidado, pela fome e pela ignorância. O Exército invadiu aquela região em busca destes militantes (injustamente conhecidos como terroristas), e pode-se dizer que com eles guerrearam (de forma covarde, devido à desproporção de Forças) até o ano de 1973, quando iniciou a campanha de genocídio aos participantes da guerrilha e seus apoiadores. O objetivo era matar, os meios: torturar até mesmo de moradores da cidade muitas vezes, para obter informações dos esconderijos do inimigo. Os corpos nunca foram entregues a familiares e estão desaparecidos até hoje.
Major Curió foi um dos participantes e não mostra nenhum arrependimento ao declarar “Se tivesse que combater novamente a guerrilha eu combateria, porque estava erguendo um fuzil no cumprimento do dever, cumprimento de uma missão das Forças Armadas, para assegurar a soberania e a integridade da Pátria’’ e utiliza argumentos sínicos como, por exemplo, “Não se corta erva daninha pelo caule. “É preciso arranca – lá pela raiz, para que não tenha novamente.” Declarações feitas ao Estado de São Paulo nos dias 21 de Junho de 2009 e 22 de Junho de 2009.
A versão dos oficias militares conhecida até então é que os militantes que morreram estavam de armas na mão, isto é, em pleno combate. Alguns negavam a existência da Guerrilha do Araguaia que no período, a censura proibiu que se noticiasse qualquer coisa a respeito. Após as revelações de Major Curió, a busca pelos corpos iniciou-se, pois não se pode mais usar como desculpa a falta de documentos e dados.
O medo que achem estes corpos e descubram como foi cada assassinato paira até hoje sobe as Forças Armadas e por isso o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vetou a participação de familiares nas buscas, alegando que por ser parte interessada nas investigações agiriam sem isenção. Todavia, em relação às Forças Armadas, não só permitiu a participação nas investigações como deixou a operação ser comandada pelo exército. Este não é parte interessada. É a parte justamente acusada, embora Jobim diga que é revanchismo da parte dos parentes das vitimas quererem a punição de torturadores e assassinos, pois diz que a Lei da Anistia obriga a anular qualquer ação ocorrida no período militar. Porém o ministro se esquece que a Anistia não cobre crimes bárbaros como tortura, execução de prisioneiros e sumiço de corpos. Estes são considerados crimes contra a humanidade e, portanto, não podem ser “esquecidos” e “arquivados”. Para Jobim, a Justiça mudou de nome, chama-se agora “revanchismo”. Esperamos que a lei não ceda a esta mudança.